22 anos de pesquisa não mostrou superioridade do modelo de ensino PBL em relação ao modelo tradicional de ensino em cursos de medicina

pinoquio - nariz à direitaUma pesquisa publicada  recentemente  pela Med Teach. 2010 Jan;32(1):28-35  com análise de 30 trabalhos com a metodologia PBL  (1985-2007 ) não evidenciou superioridade em relação ao modelo tradicional de ensino em cursos de medicina.

A tão propalada superioridade do PBL não foi corroborada por  pesquisadores que avaliaram 30 cursos pré-clínicos nos  Estados Unidos.

Sendo assim, o marketing dos últimos anos em instituições brasileiras parece estar com os dias contados em apontar o PBL muito superior ao modelo tradicional de ensino.

Sem contar que a infraestrutura alienígena é muito superior ao que temos em nossas instituições de ensino superior.

Aos que bafejavam a superioridade insofismável do PBL, o trabalho colocou uma pá de cal nos ufanistas defensores do mesmo.

O “PBL made in Brazil”  parece estar  agora acometido de degenerescência e falácias sofismáticas em seus últimos 22 anos de anos de jornada em faculdades de medicina.

Ensino sem professor !

Ensino sem aulas!

Ensino sem laboratórios  em disciplinas básicas!

As pesquisas mostraram que o modelo PBL não é superior ao modelo tradicional.

Fico imaginando um curso de arqueologia no PBL.

As múmias devem ser manequins a serem retirados dos sarcófagos…

Múmias de resina…

Seria anacrônico…

Imagine o modelo PBL de ensino em uma Academia Militar – curso superior para a formação técnica de delegados e policiais.

Não haveria professor para ensino de leis e aulas de tiros ?

O policial  aprende atirando sozinho sem instrutor ?

Somente ensino  tutorial para formar soldados (incluindo bombeiros que não  precisariam de aulas práticas de natação, rapel etc.) ?

Imagine um urso de piloto de aviação no formato PBL.

Só lendo na biblioteca as apostilas de aviação ?

Sem aulas de voos.

Deve  ser surreal um curso assim…

Enfim, a verdade apareceu.

O modelo tradicional  de ensino ressurge como se  nunca a universidade o tivesse  esquecido.

No mínimo, o ensino tradicional mesclado a pedagogia que se utiliza de métodos ativos de ensino-aprendizagem.

Abandonado jamais !

Os ufanistas defensores do PBL  nos devem uma explicação.

E como devem uma explicação !

Um duro golpe nos defensores do PBL no ensino universitário em cursos de medicina.

O ensino público  superior não pode cair em qualidade.

Ou, ser subjugado por modismos de ensino.

Com ares de vanguarda pedagógica.

Enquanto isso…

A espera que cansa, e que nos adoece a cada dia…

Uma reforma no ensino urgente…

Estamos Perdidos no Espaço (série de sucesso de TV nos anos 60 nos Estados Unidos) ?

Jonatham Harrris, ator dessa série  de TV,  que fazia o personagem do Dr. Smith, talvez pudesse nos ajudar se ainda estivesse vivo.

Dr.  Smith sempre tinha a solução…

“Nada tema, com Smith não há problema”.

Sem  tradução, mas no original:

“Never fear, Smith is here”.

DR SMITH- PERDIDOS NO ESPAÇO“‘Eu não me importo com o que os outros pensam sobre o que eu faço, mas eu me importo muito com o que eu penso sobre o que eu faço. Isso é caráter”.

Theodore Roosevelt

Semiologia Neurológica. Seminário. Curso de Medicina da Famema

semiologia - fundo pretpSeminário apresentado pelo aluno Eduardo Perillo Mendes de Vasconcellos durante estágio eletivo de Neurologia  pela Faculdade de Medicina de Marília (Famema) – disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde – Ambulatório  Mário Covas – Semiologia Neurológica.

A semiologia neurológica só é possível de ser interpretada e compreendida pelo aluno de medicina,  se o aluno  possuir conhecimentos de neuroanatomia, e porquanto, estudos em livros de neuroanatomia  e atividades práticas em laboratórios de anatomia são de fundamental importância para o entendimento dos sinais e sintomas que se apresentam em doenças neurológicas.

Importante  a aplicação e o conhecimento de semiologia neurológica para os alunos  curso de medicina que fazem estágio obrigatório, ou eletivo, no Ambulatório de Neurovascular, ou mesmo em Unidade de Terapia Intensiva .

A disciplina de Educação em Ciências da Saúde da Famema enfatiza a importância do aluno de medicina se apropriar desse conteúdo temático para o exercício da medicina no futuro com padrão de excelência profissional.

semiologia medica 3

 

 

 

 

 

 

 

“Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito”.

Aristóteles

Tese de doutoramento avaliou cursos de medicina e aponta aprendizagem superficial!

farsaNo Estado Neoliberal na vertente e enfoque da organização  político-organizacional, a educação deve ser de qualidade para quem deseja pagar para tê-la, isto é, o Estado somente tem o dever de oferecer o ensino fundamental.

Começou no mundo nos anos de 1970, e no Brasil chegou com o  ex-presidente Fernando Henrique Cardoso  em 1994.

Neste modelo de governo neoliberal, o ensino médio de qualidade deverá  ser pago pelo cidadão  brasileiro pagar para educar seus filhos, se quiserem qualidade.

No ensino universitário a mesma tendência política já começa a se perfilar em algumas faculdades e universidades.

A excelência no padrão de ensino da  USP, UNESP, UNICAMP, e outras universidades federais custa caro aos cofres dos Estados Federados e da União.

Muitos docentes – mestres, doutores, livre-docente, titulares.

Muito dinheiro para a remuneração desses professores, principalmente quando eram contratados no regime estatutário.

No Estado de São Paulo os últimos concursos públicos nesse regime jurídico foi em 2003, e posteriormente no regime CLT.

Então, a solução encontrada na nova proposta de ensino para minimizar custos tem duas vertentes:

Ensino à Distância  (EAD) e o PBL (Problem Based Learning).

Menos professores presenciais.

No EAD, um professor transmite a aula por internet banda larga (teleconferência), e os alunos assistem.

Custo reduzido.

Outra forma de baratear custo, é adotar o “PBL made in Brazil”  em faculdades no ensino superior.

Sob a égide que a pedagogia de transmissão de conteúdos (ensino modelo tradicional) não é a melhor para o processo ensino-aprendizagem, os pedagogos afirmam que a aprendizagem baseada em problemas (ABP ou do inglês PBL) – casos clínicos propostos para alunos  universitários – ainda que, sem aulas ou seminários,  e sem laboratórios nas disciplinas básicas, é muito superior ao modelo tradicional.

O “facilitador de ensino”, argumentam os ufanistas defensores do “PBL made in Brasil”, não precisa saber os conteúdos temáticos dos casos clínicos.

Basta apenas  conduzir a  sessão tutorial ( se o tutor precisar há o guia tutorial para se socorrer de perguntas  realizadas pelos alunos).

Nada mais!

Se o aluno tiver dúvida, é só apontar para  o caminho da biblioteca, e  quando existem com acervo adequado (número suficiente de livros e atualizados).

Sai de cena o facilitador de ensino ou tutor, e deixa a busca por conteúdos temáticos para os alunos.

Nenhum compromisso do docente de ensinar.

E o docente nem precisa ser qualificado, pois existe nesse  modelo do “PBL  made in Brasil” a figura do “professor colaborador”, sem pós-graduação, e sem Residência Médica.

Nem Residência Médica precisa ter…

Afinal, na lógica do “PBL made in Brazil”, é o “professor colaborador” que ouve as questões de aprendizagem propostas pelos os alunos, ou seja, são os alunos quer sugerem as perguntas e os temas a serem discutidos na próxima sessão tutorial e ou encontro em USF e ou UBS.

Se houver forte pressão dos alunos, há sempre a  aleivosia  pedagógica por parte do docente e ou  “professor colaborador” sugerir a busca por  questionamentos apontando o caminho da biblioteca da faculdade.

Ou nas apostilas do Med Curso…

Nada de ensinar.

Nem laboratório para atividades práticas existem na grade curricular do curso de medicina (anatomia,  histologia, fisiologia, parasitologia, patologia etc.) .

Aulas nem pensar.

Basta o aluno estar inserido no SUS – rede de atenção básica – que está ótimo.

Afinal, seguem a orientação  das Diretrizes Curriculares do Curso de Medicina.

Conhecer o SUS !

A lógica é centrada no aluno.

Se o aluno não for aprovado na graduação: culpa do aluno !

Se entrar em Residências Médicas de renome nacional: mérito do “PBL made in Brazil” implantado dessas faculdades  (lembrando que o SJT  e o Med Curso preparam os alunos durante  dois a três anos,  pagos pelos pais dos alunos para se apropriarem de conteúdos temáticos necessários ao concurso de Residência Médica).

Basta seguir os passos tutoriais, e tudo acaba bem nesse modelo de ensino.

Cada facilitador segue os “passos tutoriais”.

Nesse diapasão, o MEC vai paulatinamente  modificando cursos de medicina com a desídia de diretores  de graduação em nada preocupados  com a qualidade do ensino.

Antes , rendem-se ao novo paradigma pedagógico.

No anos 2000 surgiu o Promed – Projeto de Incentivo a Mudanças Curriculares para os Cursos de Medicina- que injetou  alguns milhões de reais depositados nas contas das faculdades simpatizantes ao método “PBL  made in Brazil”  (cotas de RS 1,2 milhões de reais/ano no período de três anos no período de implantação do PBL, e depois o depósito anual  para as faculdades que permanecem fiéis ao método PBL) para estimularem as mudanças na matriz curricular das mesmas, inserindo precocemente os alunos na rede de atenção básica.

Outrossim, alunos não precisão ter conhecimentos dos últimos 20 séculos.

Antes o mantra : aprender a aprender”.

Esse sofisma basta !

Surreal…

Interessante que quando queremos  e pretendemos algo na vida, contratamos o melhor profissional em conhecimento.

Percebe-se que existirão faculdades de medicina que formem médicos para trabalharem na rede de atenção básica, e outras que formem especialistas.

Haverá dois tipos de médicos.

O discurso do biopsicossocial na formação do aluno, que se instrui sem auxílio do professor(discurso introduzido pelo comunista Paulo Freire em sua obra Pedagogia do Oprimido, o qual  tinha como ídolos Fidel Castro, Stalin, Mao Tsé – Tung, etc).

Um sofisma, que muitas vezes, engana até professores experientes.

Na tese de doutoramento de  Guilherme Souza Cavalcanti Albuquerque, o qual compara o PBL na Faculdade de Medicina da Universidade de Londrina com o modelo tradicional da  Faculdade de Medicina de  Curitiba UFPR, há na conclusão da tese de que o modelo PBL  é inovador, mas a aprendizagem dos alunos é superficial (grifei).

Assim, na conclusão de  sua tese de doutoramento, não qualificou o PBL como ferramenta de ensino/pedagogia a ser implementada em cursos de medicina.

A tese diz tudo que um neófito motivado pelo PBL sabe:

Aprendizagem superficial !

Um estelionato pedagógico !

estelionato “Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, devemos procurá-la por nós mesmos. O que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum “.

Noberto  Bobbio

Docente, amigo, conselheiro. Saudades dos seus eternos alunos da Famema

saudades sem fmMorreu na tarde de ontem – 30/06/2012 – aos 71 anos, vítima de complicação  operatória, o docente de dermatologia da Famema  Spencer  de Domênico Sornas.

Spencer nasceu em Marília e foi professor da Famema por 40 anos, sendo titular da disciplina de Dermatologista da Famema.

Ótimo professor, elegante no trato com os pares.

Bem humorado.

Fui seu aluno, e aprendi semiologia com o professor no ano de 1985.

Semiologia no hospital à beira do leito.

Pacientes reais.

Sem atores e manequins.

Semiologia real, não imaginária, não em atores, não em fotos de livros.

Justo na cobrança de metas na disciplina de semiologia.

Também fui seu paciente.

Aluno, amigo de profissão e paciente.

Conheci o professor Spencer em todos os cenários que a vida pode proporcionar na medicina.

Em todos os cenários o professor sempre coerente,  sincero, não afeito aos modismos que a  vida poderia lhe infligir.

Esquecido pela  instituição nos últimos anos, pois  não o via nas atividades  da primeira à quarta-série.

Duas hipóteses: somente quis  permanecer na disciplina de dermatologia, ou nunca foi convidado para as novas mudanças ocorridas na instituição, as quais (PBL-Problem Based Learning), me confidenciou por inúmeras vezes, que não as aceitava.

Mas, nunca foi ouvido para isso.

Enfim, muitos  docentes não foram ouvidos.

Também nunca fui ouvido.

É  uma política de Estado.

Na pior das hipóteses,  cria-se um cenário artificial institucional dando a impressão que o docente será ouvido.

Mas, a não mudança já está decidida antes de começar a reunião.

Foi em uma desses cenários – uma oficina de internato, a qual o professor Spencer, me disse:

“Marchioli, eu não suporto esse novo modelo de ensino. Me sinto deslocado com esse modelo. Os alunos não aprendem nas cadeiras básicas, e depois querem aprender medicina como?”.

Lembro-me bem dessa frase.

Dita no  ano de 2008.

Em 2012, concordo em  gênero, número e grau com o professor.

Vejo isso nos ambulatórios de neurologia.

Os alunos não tem culpa.

Também não serão ouvidos.

Que visão do professor Spencer em 2008 !

Previu o que hoje vivenciamos.

O novo ensino  neoliberal: pedagogia tecnicista, pedagogia por competência, e a corrente escolanovista.

Não precisa de conteúdos.

Só aprender a aprender.

O professor sempre estará em minha memória.

Suas correções da minha anamnese, exame físico, e a terapêutica pertinente ao caso  clínico (terapia aplicado ao caso concreto).

Mais que um professor, um amigo que perdemos.

Como não há mais mais Departamento de Clínica Médica na Famema…

Minhas homenagens da disciplina de Educação em Ciências da Saúde.

Obrigado professor Spencer pelos ensinamentos !

“O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém.
Por quê ? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez  sem vinho e vida sem morte”.

São Francisco de Assis