Nova crise no modelo pedagógico no PBL da Famema em 2013 !

No dia 23 de maio de 2013, a praça defronte ao Prédio  Carmelo da Famema, onde funciona a Direção Geral da Faculdade de Medicina de Marília, ficou repleta de alunos do curso de medicina.

O motivo ?

Nova crise do modelo pedagógico de ensino da Famema – O  PBL (Problem Based Learning) ou ABP  (Aprendizagem Baseada em Problemas).

Uma crise que se iniciou em 2011, e houve promessa da antiga direção da faculdade de atender as solicitações dos alunos.

Houve um armistício de dois anos, mas com o descumprimento do pacto, segundo alunos disseram em protesto na praça do Carmelo, a solução encontrada foi um novo movimento com cartazes, nariz de palhaço, e esfihas (protesto velado pela falta de Refeitório Universitário na Famema).

Os cartazes dispostos na praça do Carmelo pleiteavam uma série de questões não supridas e prometidas pela antiga Diretoria Geral da Famema desde 2011:

1- Mais contratações de professores nas cadeiras básicas.

2- Mais professores de antropologia, pedagogia, sociologia, economia, direito e filosofia.

3- Criação e atividades práticas nos Laboratórios de Anatomia, Histologia, Fisiologia, Patologia, Microbiologia, Farmacologia etc.

Os alunos prometem uma nova assembleia na próxima segunda-feira, e com indicativo de greve.

O diretório da Unesp apoiou o DACA – Diretório Acadêmico Christiano Altenfelder.

Os alunos querem a contração de professores, laboratórios abertos e em funcionamento, Refeitório Universitário, e contratação de docentes para supervisionar alunos do internato no Pronto-Socorro no Hospital das Clínicas de Marília, e nas atividades teórico-práticas na disciplina de Ginecologia e Obstetrícia.

Enfim, as mesmas reivindicações de 2011.

Os cartazes são autoexplicativos.

A Coordenadoria do Curso de Medicina precisa repensar o PBL da Famema.

Não parece ser a cópia fiel  modelo pedagógico do PBL McMaster.

O padrão PBL com excelência no ensino.

O PBL da Famema não tem agradado a alunos e muitos docentes.

Não seria a hora de repensarmos nosso ensino, e buscarmos a excelência no ensino.

Há infraestrutura para se ter o PBL em faculdade sem salas de docentes e sem laboratórios abertos ?

Sem refeitório para alunos ?

Sem aumento salarial de  servidores desde 2011.

Sem motivação !

Há necessidade de se repensar o ensino.

Há muitos professores qualificados na instituição.

Precisam ser convidados pela instituição à docência, e assim podem colaborar com sua experiência.

Há um abismo colossal entre o que se deve ser, e o que está posto.

É fato.

As fotos valem mil palavras !

O movimento se arrasta desde 2011, e parece ser agora mais intenso.

Os docentes devem apoiar o movimento dos alunos..

Há necessidade de diálogo entre docentes e alunos para um resultado  feliz.

Quando ?

Tenho certeza que alunos e professores podem construir a Famema de nossos ideais.

Famema dos nossos sonhos !

Basta o diálogo franco e maduro.

Sem falsas promessas…

Sem hipocrisia.

Uma faculdade estadualizada em 1994 não pode estar assim..

19 anos de estadualização.

Um fiasco na infraestrutura !

Sem infraestrutura adequada para o ensino.

Os prédios são todos alugados.

Desejo ardentemente que essas reivindicações sejam atendidas imediatamente pela Coordenadoria do Curso de Medicina e Coordenadoria do Curso de Enfermagem, e Diretoria de Graduação, e isso impediria uma greve iminente.

Gostaríamos de maneira humilde, aos que guiam os passos dessa faculdade, que acolham integralmente as justas reivindicações dos alunos.

Serão os médicos e enfermeiros atuando no futuro nesse Brasil gigante !

De dimensões continentais…

Médicos qualificados.

Enfermeiros qualificados.

Com competência e atendimento humanizado ao paciente.

Clamamos por melhorias na instituição que nos adotou como aluno e depois como docente.

A greve seria um remédio que poderá ser evitado se houver diálogo.

Haverá o diálogo ?

Houve uma promessa em 2011, mas foi descumprida.

É fato .

As UPP(s) precisam ser rediscutidas.

O conteúdo na matriz curricular também precisa ser rediscutido.

Defendo o conteúdo mínimo na grade curricular.

Aprender em cenário real sem supervisão do docente da instituição não é a melhor alternativa.

O docente tem liberdade para ensinar, como aduz o artigo 206 da Constituição Federal, 1988:

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII – garantia de padrão de qualidade;

Enfim o docente tem liberdade para ensinar !

Ser valorizado.

Lutar pelo respeito à profissão de professor.

Não ser descompromissado.

Não ser o docente licencioso, e se comprometer realmente com os alunos nos cenários de ensino-aprendizagem.

No que diz respeito à liberdade de ensinar, o dispositivo constitucional possui a finalidade de garantir o pluralismo de ideias e concepções no âmbito do processo de ensino-aprendizagem, em especial o universitário, e também busca garantir a autonomia didático-científica dos professores.

Permite, nesse sentido, que os professores manifestem, com relação ao conteúdo sob sua responsabilidade, suas próprias convicções e pontos de vista, quando haja vários reconhecidos em cursos da área da saúde.

Mas é importante notar que ao lado da liberdade de ensinar está, em patamar de igualdade, a igualdade de aprender, liberdade que pertence, na relação pedagógica, ao outro polo do processo de ensino-aprendizagem.

Portanto, se de um lado a liberdade de ensinar autoriza o professor a expor suas próprias convicções e pontos de vista, a liberdade de aprender dos alunos impõe ao professor que também exponha as demais posições e teorias sobre o conteúdo específico, bem como seus fundamentos.

Deve-se discutir conteúdos na  matriz curricular !

Impõe-se também que, sendo teórica e cientificamente aceitas, as demais teorias e posições possam ser adotadas pelos alunos em detrimento da por ele esposada – do mesmo artigo da Constituição consta expressamente como princípio para que o ensino seja ministrado, o pluralismo de ideias.

De outro lado, a liberdade de ensinar autoriza o professor a utilizar métodos, metodologias, estratégias e instrumentos a sua escolha, dentre aqueles legalmente e pedagogicamente autorizados e reconhecidos (é o pluralismo de concepções pedagógicas presente no bojo do artigo 206 da Constituição, supratranscrito).

Nesse contexto, além das escolhas mais propriamente ligadas à didática – tipo de aula e de atividades, recursos tecnológicos, etc. , está também incluída a liberdade de escolha de textos, desde que contenham o conteúdo a ser ministrado e, no seu conjunto, permitam o acesso ao pluralismo de ideias presente no campo específico do conhecimento.

A liberdade de ensinar é uma garantia constitucional, de duplo direcionamento:

a)     garante a liberdade de ensinar às instituições de ensino, que cumpridas as normas gerais da educação e as diretrizes curriculares, podem livremente construir seus projetos pedagógicos;

b)    garante a liberdade de ensinar do professor, que no âmbito do conteúdo da disciplina que está sob sua responsabilidade,  mesmo no contexto de um projeto pedagógico específico, mantém o espaço de manifestação das suas posições e convicções, devendo entretanto, em respeito ao direito à educação, à liberdade de aprender do aluno e ao pluralismo de ideias, também propiciar aos discentes o acesso às demais posições e teorias aceitas pela respectiva área do conhecimento (e no caso dos professores de medicina); no âmbito didático-pedagógico, mantém autonomia de escolha, respeitada a necessária adequação entre meio e fim.

A Lei nº 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases de Educação), em seu artigo 3º, reafirma essas liberdades garantidas pela Constituição, e mesmo as amplia:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: […];

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;[…]

Se as liberdades de ensinar e de aprender fossem absolutas, uma anularia a outra.

Como princípios constitucionais é necessário buscar a sua harmonização, atribuindo-lhes interpretações que mantenham ambos, e lutar para que o direito à educação, ocorra de forma efetiva, plural e atingindo seus objetivos no campo da formação do aluno.

Em conclusão pode-se afirmar que a liberdade de ensinar aparece no texto constitucional como liberdade institucional e como liberdade docente.

Em ambos os casos é limitada e contextual, ou seja, condicionada por um conjunto de outros princípios e garantias constitucionais, e pela estrutura do sistema educacional brasileiro.

Mas em ambos os casos ela é suficiente para garantir o pluralismo de ideias e abordagens pedagógicas e de expressão de posições e de convicções, mantendo assim a sua finalidade.

Ao mesmo tempo, os limites que lhe são impostos impedem que de liberdade se transforme em arbitrariedade.

Jornais da Cidade  de Marília publicam em seus periódicos on-line:

Os alunos do curso de medicina da Famema divulgaram em vídeo as reclamações desse movimento de  2013.

“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos”.

Friedrich Nietzche

Cefaleias Primárias – Tratamento Agudo e Profilático. Seminário. Curso de Medicina da Famema

cefaleia - criançaSeminários apresentados pelos alunos de medicina – 4º ano do curso de medicina da Faculdade de Medicina de Marília – Famema –  durante estágio no Ambulatório de Cefaleia- Ambulatório Mario Covas- disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.

Seminário de Cefaleias Primárias apresentadas pelos alunos Fabrício Castro de Borba e Felipe Eduardo Ramos Xavier da Silva.

Seminário de  Tratamento Agudo das Cefaleias pelos alunos Caio Esper, Carolina Augusto, Daniella Gimenez, Felipe Ramos e Fabrício Borba.

E por fim o seminário do Tratamento Profilático das Cefaleias Primárias pelos alunos Caroline Fornaciari, Daniella Gimenez e Caio Esper.

O diagnóstico correto das cefaleias depende principalmente das informações fornecidas pelo paciente a respeito das características da sua dor.

Aspectos a serem observados na primeira consulta:

Tempo de início da dor – O médico deverá lhe perguntar há quanto tempo você apresenta dor de cabeça.

Se você sofre de cefaleia há muitos anos, tente recordar desde que idade aproximadamente passou a apresentar esse sintoma, mesmo que sua frequência fosse diferente da atual.

Se o fato é recente, procure estabelecer o mais precisamente possível há quantos dias ou meses se iniciou.

Mudanças nas características da dor – É importante que você informe ao médico se a dor de cabeça que sente atualmente é semelhante à que sempre lhe acometeu ou se é de um novo tipo.

Pode ocorrer, também, que a dor seja semelhante à de sempre, mas que se tenha tornado mais frequente.

Procure recordar há quanto tempo a dor passou a apresentar as características atuais.

Frequência das crises – A frequência das crises é uma importante informação para o diagnóstico e difere grandemente de um tipo para outro de dor de cabeça, podendo ser diária, quase diária ou esporádica.

Procure estabelecer aproximadamente quantas vezes por mês, por semana ou por dia a dor se manifesta.

Observe, se suas dores seguem um padrão de agrupamento, ou seja, se há períodos em que ocorrem várias crises por dia, durante semanas ou meses, seguidas por intervalos de meses ou anos sem dor.

Duração das crises – O tempo de duração de cada episódio de dor varia de acordo com o tipo de cefaleia, podendo ser desde uma fração de segundo até dor contínua por dias, semanas, meses ou anos. I

Informe da maneira mais precisa possível, o tempo de duração de suas crises de dor.

Intensidade da dor – Este é um outro aspecto muito útil para o diagnóstico.

A intensidade da dor pode ser classificada de uma forma simples em fraca, moderada ou intensa, segundo o critério a seguir:
Fraca – dor que não interfere com as atividades da vida cotidiana (trabalho, obrigações domésticas, estudo, etc)
Moderada – dor que não impede, mas interfere com as atividades
Forte – dor que impede as atividades

Localização habitual da dor – Para algumas formas de cefaleia, a localização da dor pode ser uma informação importante.

Informe ao seu médico se as dores costumam acometer toda a cabeça ou se, pelo menos, em algumas crises a dor ocorre em apenas um dos lados.

Se a dor for unilateral, observe se há alternância de lado entre as crises ou se elas ocorrem exclusivamente à direita ou à esquerda.

Qualidade da dor – As dores de cabeça podem ser pulsáteis ou latejantes, constantes, em peso ou aperto, em pontadas, em choque, em queimação e de muitas outras formas de acordo com a percepção do paciente.

Essa informação pode ajudar a esclarecer qual a sua modalidade de dor de cabeça.

Fatores desencadeantes – Algumas formas de cefaleia podem ser desencadeadas quando o paciente é submetido a certos fatores deflagradores (ou desencadeantes).

Os mais frequentemente relatados são: alterações emocionais; atraso na ingestão de alimentos (jejum prolongado); mudanças de horário de sono (dormir demais ou de menos); alimentos e produtos da dieta (chocolate, queijos, frutas cítricas, frutas oleaginosas, vinhos tintos, cerveja, vinho tinto, embutidos, aspartame, glutamato monossódico, cafeína); posições viciosas do pescoço.

Em alguns pacientes a dor pode ser desencadeada por estímulos em determinados pontos da cabeça. Se você perceber correlação entre sua dor e algum desses ou outros deflagradores, anote e informe o médico.

Essa informação poderá ser útil no diagnóstico e também no tratamento.

Fenômenos acompanhantes – Diferentes modalidades de cefaleia acompanham-se de outros fenômenos além da dor.

Avaliar se  ocorre algum deles: intolerância à luz (fotofobia), aos sons (fonofobia) ou aos odores (osmofobia); náusea; vômitos; rebaixamento de uma das pálpebras (ptose); lacrimejamento ou vermelhidão de um dos olhos; congestão nasal ou coriza.

Fatores de agravamento ou de alívio – Procure verificar se sua dor se acentua quando você executa atividades como, por exemplo, caminhar, subir escadas, ou quando abaixa a cabeça. Observe também o que lhe proporciona algum alívio (excetuando-se as medicações) como dormir, repouso, aplicar gelo na cabeça, etc.

Outras informações – Seu médico poderá necessitar saber quais os medicamentos que você vem utilizando e outros que já experimentou para o tratamento das crises e para a prevenção de sua dor de cabeça, bem como o resultado obtido com eles.

Relacione-os de forma sucinta.

Informe, também, se possui outros problemas de saúde que podem influir na escolha da medicação mais adequada para você como: diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas, asma, depressão, epilepsia, glaucoma, doenças da tireoide e cálculos renais.

O Ambulatório de Cefaleia recebe encaminhamentos do Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

medicamentos 20

Cefaleias Secundárias. Seminário. Curso de Medicina da Famema

cefaleia secundariaSeminário apresentado pelos alunos do 4º ano do curso de medicina da Famema Ana Claudia Heiras e Daniel Shuiti Igarashi Ueno durante estágio no Ambulatório de Cefaleia – Ambulatório Mario Covas- disciplinas de Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.

A dor de cabeça é um sintoma comum em adultos e crianças, sendo responsável por elevado número de consultas médicas, principalmente neurológicas. Os pacientes frequentemente associam sua dor à possibilidade da existência de uma patologia potencialmente grave, como tumor ou aneurisma intracraniano.

Lembrando que apenas o profissional de saúde especificamente treinado poderá oferecer tratamento adequado para sua dor de cabeça, e algumas orientações podem ser úteis.

A Sociedade Internacional de Cefaleias divide as cefaleias em dois grandes grupos.

O primeiro compreende as cefaleias primárias, aquelas que constituem em si mesmas a doença.

O exemplo clássico é a migrânea sem aura, anteriormente denominada enxaqueca comum, e que atinge aproximadamente 16% das mulheres .

O segundo grupo é formado pelas cefaleias secundárias, que fazem parte do cortejo sintomatológico de uma doença qualquer, seja esta primária do sistema nervoso central ou sistêmica.

Embora as dores de cabeça na sua grande maioria sejam primárias, o risco representado por algumas cefaleias secundárias justifica a preocupação de pacientes e médicos.

Há médicos que se interessam de forma especial pelo estudo das cefaleias e sendo chamados de cefaliatras.

Na grande maioria dos casos, trata-se de neurologistas. Você deveria consultar um desses profissionais, quando:

  1. a dor for de instalação súbita, principalmente se acompanhada a vômitos, tonturas, alterações da consciência, convulsão;
  2. a dor se associa a transtornos neurológicos, como rigidez de nuca, dificuldades para falar, fraqueza ou alterações de sensibilidade em braço, perna ou face; a dor se associa à febre; trata-se da “pior dor já experimentada pelo paciente”;
  3. a dor se iniciou após os 50 anos;
  4. a dor tem caráter progressivo, não respondendo mais a analgésicos; houver aparecimento de uma dor de cabeça nova e diferente daquela já experimentada pelo paciente;
  5. o paciente encontra-se em tratamento de algum tipo câncer ou de síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA);
  6. há história de queda ou trauma de crânio recente;
  7. quando houver abuso de analgésicos, mesmo naqueles pacientes sabidamente portadores de cefaleia primária (uso de mais de 15 comprimidos de analgésicos por mês, nos últimos seis meses). O uso abusivo de analgésicos é a causa mais comum da transformação de dores esporádicas (tipo migrânea) em cefaleia crônica diária.

Um dos mais importantes estudos populacionais sobre dor de cabeça revelou que as cefaleias secundárias mais frequentes foram as associadas à ressaca alcoólica e a processos febris comuns como as infecções das vias aéreas superiores (rinossinusites, faringites, amigdalites, etc).

Entre as patologias graves que determinam cefaleia secundária, incluem-se as hemorragias cérebro-meníngeas, as meningites, os tumores cerebrais e os hematomas intracranianos.

O Ambulatório de Cefaleia recebe encaminhamentos de 62 municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

abuso de analgesicos

Acidente Vascular Cerebral: epidemiolgia, comorbidades e uso de anticoagulantes e antiagregantes

Seminário apresentado pelos alunos do 4º ano do curso de medicina da Famema Gabriel Augusto Queijo e Fernando Tadeu Orlato Rossetti no Ambulatório Neurovascular-Ambulatório Mario Covas – disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.

Dados retirados do DATASUS mostram que no Brasil o número de internações ultrapassa 225.000 e a mortalidade atinge 88.000 pessoas anualmente.

A denominação AVC envolve duas grandes entidades etiológicas com fisiopatologias completamente distintas:
o acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI), que ocorre em até 85% dos casos, e o hemorrágico (AVCH).

A embolia por fonte cardíaca é responsável por aproximadamente 20% dos AVCIs. Desses, metade é causada por trombos originados no átrio esquerdo em decorrência de fibrilação atrial não valvar; a outra metade divide-se entre trombos originados no ventrículo esquerdo (infarto agudo do miocárdio e miocardiopatia dilatada) e por doença valvar.

O AVC nos EUA foi responsável, em 2007, por custos diretos e indiretos da ordem de 34 bilhões de dólares.

Os custos considerados diretos, como cuidados médicos, internações, visitas ambulatoriais, visitas a emergência e medicamentos representaram 18,8 bilhões de dólares.

É importante destacar que o AVC compartilha muitos dos fatores de risco das doenças cardiovasculares, mas exibe uma complexidade etiológica muito maior. Notavelmente, em grande parte das vezes, as afecções cardiovasculares tornam-se comorbidades em um paciente com AVC; além disso, é frequente que as doenças cardiovasculares assumam o papel de causa principal do AVC.

O AVCI, assim como a maioria das doenças cardiovasculares, tem incidência concentrada sobremaneira no indivíduo com mais de 55 anos de idade, faixa em que também se concentra o surgimento da maioria de seus fatores de risco. Por essa razão, a idade é, em si própria, um desses e irá somar-se ao sexo, raça e herança genética para constituírem os principais fatores de risco não modificáveis.

Os negros e hispânicos homens (e outros latino-americanos, como os brasileiros) constituem grupos de risco para afeção pela doença.

As medidas de maior impacto para o controle da doença são justamente as tomadas com a finalidade de prevenção (primária e secundária) e direcionadas aos fatores de risco chamados modificáveis.

Desses, de longe a hipertensão arterial (HAS) é o mais importante e que comprovadamente ocasiona o maior risco tanto para a doença isquêmica quanto para a hemorrágica. A elevação crônica da pressão arterial contribui para a aterosclerose da aorta, das artérias do coração e do cérebro, e dos pequenos vasos, além de sustentar o desenvolvimento de outras complicações cardíacas.

Diabetes mellitus e tabagismo completam a tríade dos principais fatores de risco para AVC. O último parece influenciar tanto na formação de trombos quanto no processo de aterosclerose dos vasos10. Diabetes é sabidamente relacionado a doença de pequenos vasos e o controle glicêmico nesses pacientes, em especial nos que já tiveram o primeiro episódio de AVC, deve ser o mais rigoroso possível.

A dislipidemia, embora sem tanta sustentação epidemiológica como nas doenças cardiovasculares, tem também seu papel no AVCI e seu controle está associado à diminuição da recorrência de eventos cerebrovasculares.

Outros fatores de risco bem definidos para o AVCI incluem a obesidade, estilo de vida sedentário, dieta pouco saudável e condições como estenose carotídea, fibrilação atrial e anemia falciforme.

Classicamente, o AVCI, por suas múltiplas possibilidades etiológicas, tem suas causas classificadas em cinco grandes grupos: doença de pequenas artérias, doença aterosclerótica de grandes artérias (placas de ateroma, estenoses e oclusões), embolia cardíaca, outras causas determinadas (dissecção, trombofilias, infecções) e causas indeterminadas.

A embolia por fonte cardíaca é responsável por aproximadamente 20% dos AVCIs. Desses, metade é causada por trombos originados no átrio esquerdo em decorrência de fibrilação atrial não valvar; a outra metade divide-se entre trombos originados no ventrículo esquerdo (infarto agudo do miocárdio e miocardiopatia dilatada) e por doença valvar.

Os trombos gerados caminham até a porção distal dos vasos intracranianos, quando acabam por oclui-los, podendo causar sintomas clínicos tão catastróficos quanto os que acompanham a síndrome do topo de basilar por exemplo. Outras vezes, os sintomas instalados resolvem-se ou amenizam-se espontaneamente, resultado da recanalização do vaso ocluído que costuma ocorrer mais frequentemente em casos de embolia.

A fibrilação atrial é a arritmia mais frequente da população idosa e chega a aumentar em 20 vezes o risco de AVCI nestes indivíduos.

Seu tratamento vem sofrendo grandes inovações, com o surgimento de diversos agentes anticoagulantes orais em alternativa aos antagonistas da vitamina K antigos, mas em uso até hoje.

O tratamento dessa doença tem sofrido considerável progresso, principalmente a partir de 1995, quando foram publicados os resultados do NINDS rt-PA Study Group, onde pacientes submetidos a trombólise com alteplase em até três horas do início dos sintomas apresentavam chance 30% maior de evoluir sem incapacidade funcional em três meses.

A literatura médica mostra que o principal fator que impede o uso de trombolítico é justamente a janela terapêutica, dando assim grande importância à identificação precoce dos sinais e sintomas do AVC e à rápida locomoção até os centros de emergência. Trazendo assim a concepção, tanto aos profissionais de saúde quanto ao público leigo, que o AVC é realmente uma emergência médica.

O AVC isquêmico que envolve o território carotídeo pode-se manifestar com isquemia retiniana e encefálica (com síndromes neurológicas que associam déficit de funções corticais, como afasia, e déficit motor e/ou sensitivo). Já o AVC isquêmico do sistema vertebro-basilar pode apresentar sintomas como vertigem e ataxia, anormalidades na movimentação ocular, diplopia, hemianopsia e déficit motor e/ou sensitivo unilateral ou bilateral.

Os sintomas mais comuns na instalação de um AVC são:
• Alteração de força e/ou sensibilidade em um ou ambos os lados do corpo
• Dificuldade para falar
• Confusão ou dificuldade para entender e se comunicar
• Dificuldade para a marcha ou equilíbrio
• Dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos
• Cefaleia súbita e intensa
• Rebaixamento do nível de consciência
• Desvio de rima labial

Para diagnóstico acurado, confirmação diagnóstica e exclusão de outras patologias, deve-se proceder logo que houver suspeita de AVC, aos seguintes passos e exames básicos e imprescindíveis:
• Anamnese: deve-se questionar a forma de instalação e evolução dos sintomas, atividade realizada no momento da instalação, horário do início, sintomas relacionados, medicamentos em uso e antecedentes clínicos;
• Exame clínico: deve incluir além do convencional, o exame vascular periférico, e ausculta dos vasos do pescoço;
• Exame neurológico e uso de escalas: escala de coma de Glasgow e escala de AVC do National Institute of Health (NIHSS);
• Exames laboratoriais: glicemia capilar, hemograma completo com plaquetas, sódio, potássio, ureia, creatinina, glicemia sérica, coagulograma completo e troponina;
• Exame de imagem: tomografia computadorizada do crânio sem contraste é o método mais disponível, porém, a ressonância magnética pode ser realizada.

O ambulatório Neurovascular recebe encaminhamentos  de 62 municípios do Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

“O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

Martin Luther King