Prontos-Socorros avaliados em 2013 pelo Cremesp. Em Marília dois hospitais foram avaliados

Após fiscalização de 71 prontos-socorros (PS), o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) constatou que a maioria desses serviços tem pacientes em macas nos corredores, não consegue transferir doentes, está com suas equipes médicas incompletas e boa parte não conta com chefia de plantão nem médico diarista.

Além disso, faltam materiais e estrutura adequada nas salas de emergência, há deficiências na triagem e na classificação de risco na entrada de pacientes.

O Cremesp avaliou 71 serviços de urgência e emergência do Estado, de fevereiro a abril de 2013, incluindo os principais prontos-socorros com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

As conclusões do levantamento revelam falhas graves dos serviços de urgência e emergência, que colocam a população em risco e não oferecem aos médicos condições mínimas e adequadas de trabalho.

“Esse cenário é decorrente da falta de políticas públicas de saúde eficientes dos governos federal, estadual e municipal, do subfinanciamento do SUS e da escassez de recursos humanos, que está relacionada às condições precárias de trabalho e à ausência de plano de carreira de Estado”, afirma o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior.

“O levantamento identificou uma enorme deficiência nos serviços, gerando insatisfação no médico e desassistência ao paciente”, diz Ruy Tanigawa, coordenador do Departamento de Fiscalização do Cremesp.

“Os resultados serão agora encaminhados ao Ministério da Saúde, à Secretaria de Estado da Saúde e às secretarias municipais das cidades que fizeram parte da pesquisa”, diz Azevedo. “O Conselho cumpriu sua função de fiscalização, mostrando a realidade dos serviços. Cabe agora às autoridades competentes encontrar solução para os problemas que estamos apontando”, afirma.

Principais números do levantamento em 71 prontos-socorros (PSs)

➜ 57,7% dos PSs têm macas com pacientes nos corredores
➜ 66,2% dos PSs relatam dificuldade de encaminhar pacientes para
outros serviços de referência
➜ 57,7% dos serviços vistoriados estão com equipes médicas incompletas
➜ 28,2% das salas de emergência estão inadequadas
➜ Em 59,2% das salas de emergência falta algum tipo de material
➜ Em 46,5% dos serviços não há chefia de plantão nem médico diarista
➜ Em 32,4% dos PSs não é feita a triagem com classificação de risco
➜ Em 6,1% dos PSs não existem UTIs, nem no local nem em
outro serviço referenciado.

Relação dos 71 serviços vistoriados, por ordem alfabética das cidades onde se encontram. Na frente de cada pronto-socorro está indicada a natureza do gestor responsável, se pública, privada contratada ou filantrópica. Também estão assinalados aqueles PSs administrados por Organizações Sociais (OS).

Hospital Municipal Waldemar Tebaldi Americana

Santa Casa de Araçatuba

Santa Casa de Araraquara

Pronto Socorro Municipal Assis

Santa Casa de Barretos

Hospital Estadual de Bauru

Pronto Socorro Municipal Central de Bauru

Hospital de Clínicas de Botucatu

Hospital Universitário São Francisco Bragança Paulista

Santa Casa de Bragança Paulista

Hospital de Clínicas da Unicamp Campinas

Hospital Municipal Mario Gatti Campinas

Hospital PUC Campinas

Santa Casa de Franca

Hospital Santo Amaro Guarujá

Complexo Hospitalar Padre Bento Guarulhos

Hospital Municipal de Urgências Guarulhos

Pronto Socorro Municipal de Itanhaém

Santa Casa de Jaú

Hospital São Vicente de Paulo Jundiaí

Santa Casa de Limeira

Hospital de Clínicas de Marília

Santa Casa de Marília

Hospital de Clínicas Radamés Nardini Mauá

Santa Casa de Mauá

Santa Casa de Mogi das Cruzes

Hospital Municipal Antonio Giglio Osasco

Hospital Regional de Osasco

Hospital Regional do Vale do Ribeira Pariquera Açu

Santa Casa de Piracicaba

Hospital Municipal Irmã Dulce Praia Grande

Hospital Regional de Presidente Prudente

Santa Casa de Presidente Prudente

Hospital São João Registro

Fundação Hospitalar Santa Lydia Ribeirão Preto

Santa Casa de Ribeirão Preto

Centro Hospitalar Municipal de Santo André

Hospital Guilherme Álvaro de  Santos

Santa Casa de Santos

PS Municipal de São Bernardo do Campo

Hospital Escola Municipal Horácio Carlos Panepucci São Carlos

Santa Casa de São Carlos

Hospital Municipal de São José dos Campos

Santa Casa de S. José do Rio Preto

Casa de Saúde Santa Marcelina

Conjunto Hospitalar do Mandaqui São Paulo

Hospital Arthur Ribeiro de Saboya – Jabaquara São Paulo

Hospital Alexandre Zaio – Vila Nhocuné São Paulo

Hospital Alípio Corrêa Neto – Ermelino Matarazzo São Paulo

Hospital Benedito Montenegro – Jardim Iva São Paulo

Hospital Cármino Caricchio – Tatuapé São Paulo

Hospital Fernando Pires da Rocha – Campo Limpo São Paulo

Hospital Geral do Grajaú São Paulo

Hospital Geral Manoel Bifulco – São Mateus São Paulo

Hospital Geral de Pedreira São Paulo

Hospital Geral Vila Nova Cachoeirinha  São Paulo

Hospital Heliópolis São Paulo

Hospital Ignácio Proença de Gouveia – João XXIII São Paulo

Hospital Infantil Menino de Jesus São Paulo

Hospital José Soares Hungria – Pirituba São Paulo

Hospital Geral Santa Marcelina – Itaim Paulista São Paulo

Hospital Vereador José Storopolli – Vila Maria São Paulo

Hospital do Servidor Público Municipal São Paulo

Hospital Tide Setubal – São Miguel São Paulo

Hospital Professor Waldomiro de Paula – Itaquera São Paulo

Pronto Socorro Municipal Balneário São José São Paulo

Santa Casa de Santo Amaro São Paulo

Crei – Centro de Referência e Emergência de São Vicente

Conjunto Hospitalar de Sorocaba

Santa Casa de Sorocaba

Hospital Regional do Vale do Paraíba Taubaté

Em Marília os hospitais avaliados pelo Cremesp foram Santa Casa de Marília e Hospital das Clínicas.

Em defesa do SUS.

A TV Globo visitou o Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas de Marília.

Em defesa de Saúde Pública com universalidade, integralidade e  equidade para todos !

Tratamento do AVCI. Seminário. Curso de Medicina no Brasil

avc- cadeadoSeminário apresentado pelas alunas Ana Lúcia S. Bianchini e Camila de Lima Acras em estágio de Neurologia- Ambulatório Neurovascular-Ambulatório Mario Covas- disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.

O atendimento inicial ao paciente com suspeita de AVC isquêmico deverá ser realizado de forma sistemática, dinâmica e ágil, com o auxílio integrado de vários profissionais e setores específicos da unidade de emergência.

É importante que haja integração dos serviços de atendimento pré-hospitalar e o hospital, para que todos os profissionais envolvidos no atendimento do paciente estejam preparados para as medidas iniciais.

As medidas iniciais deverão ser realizadas com o objetivo de controlar possíveis fatores agravantes da lesão isquêmica.

Entre essas medidas incluem-se manutenção das vias aéreas, ventilação adequada e manutenção da circulação (sequência do ABC).

Terapia Recomendada:

Manter uma oxigenação adequada com o objetivo de assegurar uma saturação de oxigênio maior que 95%.

Manter uma boa perfusão sistêmica é importante manter uma hidratação com solução salina (2 a 3 l/dia), evitando soluções hipotônicas e glicosadas;

PA deverá ser monitorizada e a hipertensão arterial só deve ser tratada em situações especiais em que a PA sistólica for maior que 220 mmHg e/ou a PA diastólica maior que 110 mmHg. O uso inadvertido de anti-hipertensivos poderá reduzir a pressão de perfusão cerebral e levar a um maior comprometimento funcional do paciente.  Caso seja necessário o tratamento de níveis pressóricos elevados, devem ser utilizados anti-hipertensivos parenterais, como o nitroprussiato de sódio, metoprolol e esmolol, procurando diminuir a pressão em aproximadamente 15% nas primeiras 24 horas;

Pacientes que serão submetidos a tratamento trombolítico devem ter controle pressórico mais rigoroso, tratando quando a PA sistólica estiver acima de 185 mmHg e a diastólica acima de 105 mmHg;

A  glicemia deverá ser controlada de forma rigorosa, evitando-se hiperglicemia maior que 200 mg/dL.

O uso de trombolíticos em hospitais que tenham Unidade de AVC deve ser indicado em pacientes que tenham história de sinais e sintomas até 4,5 horas.

O Ambulatório de Neurovascular atende os municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

samu

 

A Saúde Pública na era do governo Dilma Rousseff !

sos saude publicaHá alguns anos, a presidente Dilma Rousseff foi vítima de grave problema de saúde.

O tratamento aconteceu em centros de excelência do país e sob a supervisão de homens e mulheres capacitados em escolas médicas brasileiras.

O povo quer acesso ao mesmo e não quer ser tratado como cidadão de segunda categoria, tratado por médicos com formação duvidosa e em instalações precárias.

Por isso, a Associação Médica Brasileira (AMB), a Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) manifestam publicamente seu repúdio e extrema preocupação com o anúncio de “trazer de imediato milhares de médicos do exterior”, durante pronunciamento em cadeia de rádio e TV.

O caminho trilhado é de alto risco e simboliza uma vergonha nacional.

Importar médicos cubanos e há tantos médicos no Brasil com formação médica acima dos cubanos.

Na verdade estão patrocinando o governo comunista cubano e dando a impressão de estar preocupado com o cidadão brasileiro que necessitar  SUS.

Expõe a população, sobretudo a parcela mais vulnerável e carente, à ação de pessoas cujos conhecimentos e competências não foram devidamente comprovados.

Além disso, tem valor inócuo, paliativo, populista e esconde os reais problemas que afetam o Sistema Único de Sade (SUS).

Será que os “médicos importados” – sem qualquer critério de avaliação ou com diplomas validados com regras duvidosas – compensarão a falta de leitos, de medicamentos, as ambulâncias paradas por falta de combustível, as infiltrações nas paredes e as goteiras nos hospitais?

Onde estão as medidas para dotar os serviços de infraestrutura e de recursos humanos valorizados?

Qual o destino dos R$ 17 bilhões do orçamento do Governo Federal para a saúde que não foram aplicados como deveriam em 2012?

Porque vetaram artigos da Emenda Constitucional 29, que se tivesse colocada em prática teria permitido uma revolução na saúde?

Os protestos não pedem “médicos estrangeiros”, mas um SUS público, integral, gratuito, de qualidade e acessível a todos.

UTI(s) abandonadas e sem respiradores.

Que Deus nos proteja de uma pandemia futura…

É preciso reconhecer que é a falta de investimentos e a gestão incompetente desse sistema que afastam os médicos brasileiros do interior e da rede pública agravam o caos na assistência.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os Governos de países com economias mais frágeis investem mais que o Brasil no setor.

No Brasil, esbarra em 47%.

O apelo desesperado das ruas é por mais investimentos do Estado em Saúde Pública.

Somente assim  é que o Brasil terá a saúde excelente com os  “hospitais padrão Fifa”, exigidos pela população, e não com a “importação de médicos”.

E, sem esquecer, criar um plano de carreira, cargos e salários em concurso nacional para quem queria trabalhar exclusivamente para o SUS.

No Poder Judiciário há concurso para juízes, promotores, procuradores, delegados, etc.

E por que não há concurso para médicos ?

Em defesa de infraestrutura no SUS !

sus falido

Tratamento do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico. Seminário. Curso de Medicina da Famema

Seminário apresentado pelos alunos  do 4º ano do curso de medicina da Famema Artur B. Batalhão e Fernanda de O. Igaras no Ambulatório Neurovascular- Ambulatório Mario Covas- disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.

O uso de trombolíticos para o tratamento do AVC isquêmico segue o princípio dos tratamentos de revascularização miocárdica de urgência, ou seja, recanalização precoce dos vasos cerebrais ocluídos almejando melhorar a evolução clínica de pacientes com AVC.

A lógica para a terapia trombolítica no AVC está no reconhecimento de que a maioria dos eventos é causada por oclusões trombóticas ou trombo-embólicas.

Estudos angiográficos mostram a presença de trombo oclusivo em até 80% dos casos.

Entre os demais 20% é provável que um número significativo também tenha participação de trombos em sua gênese, porém que já sofreram lise espontânea por ocasião da angiografia.

A única droga trombolítica aprovada para uso no AVC agudo nos EUA, Canadá e Europa é o Ativador do Plasminogênio Tecidual Recombinante Humano (rt-PA ou alteplase), devendo ser usado em até 4,5 horas do início dos sintomas, em um centro especializado em neurologia, após exclusão de hemorragia intracraniana por Tomografia Computadorizada.

Acidente Vascular Cerebral (AVC) e                                                                  Acidente Isquêmico Transitório (AIT)

O AVC é um déficit neurológico súbito que ocorre devido à isquemia (80%) ou hemorragia cerebral (20%).

Representa a mais comum doença neurológica causadora de morbidade grave e morte.

As causas do AVC isquêmico estão relacionadas à doença aterosclerótica, embolismo de origem cardíaca, ou doença de arterial de pequenos vasos.

A oclusão do vaso responsável pela irrigação de um segmento do cérebro leva a interrupção do fornecimento de oxigênio e glicose, e subsequente morte celular, iniciada em alguns minutos.

Quando o AVC é resultado de comprometimento da circulação carotídea tipicamente causa paresia ou parestesia em hemicorpo oposto à lesão.

Outros sintomas como perda sensorial contralateral, afasia, síndromes de desatenção e cegueira monocular transitória unilateral também podem ocorrer.

O diagnóstico de doença vértebro-basilar é muito provável em casos de cegueira binocular transitória (amaurose fugaz), diplopia, ataxia, tetraparesia ou vertigem associada.

Os AIT são déficits neurológicos de duração menor de 24 horas atribuíveis à isquemia nas distribuições das artérias carótida ou vértebro-basilar.

A distinção entre um AIT e AVC é conceitual.

Ambos exigem avaliação completa para determinar a fisiopatologia subjacente e diminuir o risco de eventos isquêmicos subsequentes.

Embora os AIT costumem resultar de doença aterosclerótica em vasos grandes, outras etiologias devem ser levadas em consideração.

É possível que a definição de AIT venha a sofrer alterações, pois com exames mais complexos é possível identificar lesões/sequelas cerebrais antes imperceptíveis em alguns AITs.

Estudos clínicos mostram que a maioria dos AITs dura menos de 1 hora. Assim, o AIT que dura mais de uma hora provavelmente será um AVC e talvez possa provocar uma lesão cerebral, mesmo que imperceptível.

O tratamento trombolítico estimula a fibrinólise intrínseca a combater a trombose patogênica.

O trombolítico ideal induziria a dissolução do trombo patológico sem produzir fibrinólise sistêmica e consequente alteração da trombose fisiológica necessária para manutenção da hemostasia.

Como os trombolíticos disponíveis ainda não têm a seletividade desejada, ainda são significativos os riscos de hemorragia, especialmente a transformação hemorrágica de um AVC isquêmico.

Além do risco de hemorragia os trombolíticos induzem secundariamente um estado pró-inflamatório e de hipercoagulação, através da ativação do sistema do complemento e das cininas que leva a maior produção de trombina.

O Ambulatório Neurovascular recebe encaminhamentos de usuários do SUS do Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.

Em defesa do SUS !

avc- sinais

PBL em Cursos de Medicina ou Aprendizagem Baseada em Problemas: o mito e a realidade

mito-ou-verdade - pblJoão Ozório R. Neto , Cleize Silveira Cunha,  Cristiane Silveira Cunha, Adriana Novaes Rodrigues, e  Mauro Tavares comentam no artigo Aprendizagem baseada em problemas: o mito e a realidade aspectos relacionados à sua implantação e analisam os resultados disponíveis na literatura sobre as avaliações do processo de ensino e das reais qualidades desta nova metodologia implementada em muitas faculdades de medicina.

Desejo da modernidade ou necessidade pedagógica ?

O artigo foi  publicado em 2011 apontando os reais interesses da implementação do PBL no Brasil, África e América Latina.

Implantando pela política neoliberal que se infiltrou na educação dos cursos superiores

Ensinar e não gastar muito…

Sem professores…

Sem infraestrutura.

A “Mão Invisível” de  Adam Smith  no ensino superior…

O pai da economia moderna, e considerado o mais importante teórico do liberalismo econômico.

Uma investigação sobre a natureza e a causa das riquezas das nações.

Essa obra continua sendo usada como referência para gerações de economistas, na qual procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos  notadamente pelo seu próprio interesse, promoviam o crescimento econômico e a inovação tecnológica.

Adam Smith parece agora encontrar discípulos na educação superior…

No PBL do Brasil.

Em sua conclusão afinal o artigo aduz:

“Importa uma palavra de cautela na avaliação rápida e superficial do novo, em tempos de mundo globalizado, com imensos interesses econômicos em jogo diariamente. Não é possível vislumbrar a possibilidade de libertação do mercado, nem com as reflexões filosóficas de educadores do terceiro mundo, muito menos com o pensamento romântico de filósofos franceses encarregados de pensar a educação. Tudo faz parte do mesmo jogo estratégico macroeconômico cuja única finalidade é o lucro financeiro a qualquer custo”.

Em defesa de ensino superior com qualidade!

PBL aluno

“A suprema arte do professor é despertar a alegria na expressão criativa do conhecimento, dar liberdade para que cada estudante desenvolva sua forma de pensar e entender o mundo, assim criamos pensadores, cientistas e artistas que expressarão em seus trabalhos aquilo que aprenderam com seus mestres.”

Albert Einstein

PBL made in Brazil aplicado em cursos de medicina

pbl- aluna estudando“O PBL made in Brazil” é realmente uma ferramenta poderosa no modelo ensino-aprendizagem ou  fiasco pedagógico!

Pelo que observo é realizado sem aulas magnas e sem atividades práticas no laboratórios da faculdade de medicina.

Tudo substituído por casos clínicos, nos quais os alunos buscam respostas para as questões de aprendizagem.

Infelizmente não aprenderão anatomia, histologia, fisiologia, patologia, parasitologia,  bioquímica, farmacologia em laboratórios de ensino-aprendizagem.

Certamente esses alunos tentarão buscar conteúdos em Med Curso e SJT.

Mas, os cursos preparatórios não oferecem atividades práticas.

Os alunos não terão conteúdos de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Obstetrícia e Pediatria no internato.

Aulas magnas extintas!

Enfim,  nunca saberão a fisiopatologia das doenças, embora possam aventar a tese de que são mais humanistas na relação médico-paciente.

Humanistas, mas sem conteúdos de medicina !

Fico imaginando um piloto de aviação comercial, como por exemplo, a  ponte aérea Rio-São Paulo, muito simpático, boa conversa, extremamente solícito com a tripulação, mas quando você se assenta em sua poltrona, ele afirma:

“Eu não sei conteúdos/protocolos da escola de aviação comercial, mas vamos ver o que será esse próximo voo…”.

A analogia é provocativa para mostrar ao leitor do blog  que não existe a segunda chance na pilotagem de uma aviação comercial, nem tampouco em salvar uma vida humana.

A tripulação morrerá, e o paciente também…

Enumeramos causas do insucesso no ensino-aprendizagem:

  1. falta de motivação do estudante;
  2. enfraquecimento do ensino das cadeiras básicas;
  3. ausência de avaliação rigorosa na qual se julgue a capacidade do aluno raciocinar usando seus conhecimentos e não sua memória;
  4. ensino descartável – o aluno não é cobrado pelos conhecimentos que ele deveria ter adquirido durante os seus cursos anteriores;
  5. ensino baseado em diagnóstico e conduta e não em entendimento dos mecanismos básicos das diferentes doenças e  das alterações por elas provocadas;
  6. despreparo dos docentes; e
  7. ausência de mecanismos que facilitem e obriguem o médico já formado a participar de programas de educação continuada.

 

A McMaster University , um dos berços do PBL, exige como pré requisito absoluto “a minimum of 3 years of university undergraduate degree level work”.

A seleção é feita através de duas entrevistas diferentes: “Simulated Tutorial” e “Personal Interview”.

Na primeira é avaliada a capacidade do grupo de discutir um problema ou situação de saúde e na segunda dentre vários itens avalia-se  a capacidade de adaptação do indivíduo ao programa da McMaster.

Na “Harvard Medical School”, atualmente, existem três programas  diferentes de medicina: o Curso Clássico, o “The New Pathway” e o “HST”.

O “New Pathway Program” adota um sistema muito parecido com o PBL. Para admissão nesse curso exige-se além de três anos de curso universitário (como no curso tradicional), no mínimo mais 16 créditos em cursos  “não científico”, porém “students are rarely accept to the New Pathway Program  without a bachelor’s degree”.

Ao se analisar estes dados pode se deduzir  que a McMaster considera que nem  todos os alunos se amoldam  a este tipo de aprendizado, uma vez que um dos objetivos explicito da entrevista pessoal é o de avaliar se o futuro aluno tem condições de se adaptar ao PBL.

A Harvard Medical School é mais exigente em termos de seleção para os alunos do “New Pathway Program” do que para o programa clássico.

Pelo exposto pode-se ver que os alunos  que são expostos ao PBL difere muito daqueles  que entram na escola de medicina no Brasil.

Outra diferença básica do PBL é o modo como as diferentes matérias são distribuídas durante o curso.

Assim por exemplo  no Módulo Doenças Neurológicas, o aluno vai aprender neuroanatomia, semiologia, fisiopatologia , quadro clínico e tratamento.

Em uma uma situação dessas, tanto os professores como os alunos darão muito mais importância para os temas ligados a diagnóstico e tratamento do que para a fisiopatologia e semiologia.

Isso vai levar, ao longo do tempo, a menor ênfase no estudo das cadeiras básicas fazendo com que falte ao aluno o substrato do conhecimento necessário ao raciocínio clínico, ou seja, fisiopatologia.

Se quisermos formar o indivíduo que pensa e tem senso crítico um mínimo de conhecimento das cadeiras básicas é fundamental.

Em resumo, em minha compreensão, o nosso aluno quando entra na faculdade de medicina no Brasil não tem a base suficiente para desde o inicio, ser submetido a um programa semelhante ao PBL.

Outro fator complicador é formação dos docentes.

Quando se escolhe qualquer assunto em medicina geralmente existe mais de uma opinião. Assim dependendo do artigo consultado você pode chegar a conclusão que a conduta A é melhor, pior ou igual a conduta B, ou até ter uma opinião C.

Caso o tutor do grupo não tenha uma boa experiência científica será muito difícil o mesmo comparar os resultados dos vários artigos científicos ou livros publicados no tema em discussão.

Docentes sem experiência científica tendem a aceitar como verdade o último trabalho publicado, um dos principais mecanismos de geração de modismos.

Por outro lado os temas publicados em livros textos geralmente são mais abrangentes discutindo os prós e contras de determinado tema em medicina, dando uma visão muito mais ampla do que a leitura de  artigos.

Os artigos científicos devem serem  usados pelo aluno como complementação de aprendizado, e pelo docente como atualização.

Ainda em relação ao docente, o preparo das aulas dos temas  das disciplinas básicas deveria ser ferramenta poderosa de aprendizado de um determinado tema, que corre o risco de ser perdido no PBL.

Semiologia principalmente.

A estrutura da universidade é fundamental para o desenvolvimento do PBL.

Assim nas faculdades onde é implementado o PBL as aulas básicas deverão estar à disposição dos alunos, sob a forma de mídias gravadas,  além de extenso  acervo da biblioteca.

Normalmente as mudanças, em medicina,  que se comprovam eficazes, geralmente têm rápida difusão, e passam a serem  aceitas em questão de alguns anos, em todo mundo como verdade absoluta, e posteriormente não são aprimoradas ou debatidas na instituição.

Em defesa do ensino superior com qualidade!

alunos estudando

 

“Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo”

Michel Foucalt