Seminário apresentado pelos alunos do 4º ano do curso de medicina da Famema discorrendo sobre o tema Cefaleias Primárias – Maíra Antunes Sinatura, Mariana Tebar, Rafael Ramos Schiavetti e Sara Regina da Silva Duarte no Ambulatório de Cefaleia- disciplinas Neurologia e Educação em Ciências da Saúde.
Nesse seminário aborda-se o diagnóstico e tratamento das cefaleias primárias com enfoque especial aos novos avanços no tratamento agudo e preventivo da enxaqueca, no diagnóstico e tratamento das cefaleias crônicas diárias e cefaleia em salvas.
A cefaleia é uma das queixas mais frequentes na prática clínica.
Podem ser secundárias a alguma doença como, por exemplo, uma sinusite ou as chamadas cefaleias primárias como a migrânea (enxaqueca) e a cefaleia do tipo tensional.
A cefaleia do tipo tensional e a migrânea são responsáveis por um custo econômico elevado em função dos dias de trabalho perdidos.
Além disso, há um grande comprometimento da qualidade de vida principalmente em relação à migrânea pela intensidade da dor.
O diagnóstico das cefaleias primárias se baseia em critérios clínicos publicados em 2004 pela Sociedade Internacional das Cefaleias.
A migrânea se caracteriza por dor latejante ou pulsátil, unilateral, de moderada a forte intensidade que piora com alguns movimentos como abaixar ou levantar a cabeça, além de fotofobia, fonofobia, náuseas e/ou vômitos.
A cefaleia do tipo tensional geralmente se caracteriza por uma dor em peso ou aperto, bilateral de leve a moderada intensidade que não piora com a movimentação do corpo nem se acompanha de náuseas ou vômitos, foto ou fonofobia.
Nem sempre os quadros são tão diferentes e alguns sintomas podem sobrepor-se.
O tratamento da migrânea tem duas colunas.
Na primeira deve-se tratar a crise aguda com analgésico, associado a anti-inflamatórios ou triptanos isolado ou associado a anti-inflamatório.
Entretanto, no paciente que tem crises muito frequentes, com grande comprometimento da qualidade de vida, é importante prescrever o tratamento profilático que impede ou diminui a frequência e a intensidade das crises.
Os medicamentos mais utilizados são os beta-bloqueadores, os antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes (topiramato e ácido valpróico), e antagonistas de cálcio.
Em relação à cefaleia do tipo tensional, o tratamento é feito com analgésicos na crises. Nos casos crônicos se pode fazer a profilaxia com antidepressivos tricíclicos.
É importante, como parte do tratamento, esclarecer o paciente e explicar que, embora não haja uma cura definitiva, o tratamento adequado permite o controle da dor e melhora da qualidade de vida.
O arsenal terapêutica para o tratamento da enxaqueca vem se expandindo.
O droperidol, neuroléptico derivado da butirofenona, demonstra-se muito eficaz no tratamento abortivo da enxaqueca, contudo efeitos colaterais centrais são comuns.
O uso da toxina botulínica é promissor, como um tratamento seguro, tolerável e eficaz para a prevenção da enxaqueca.
Candesartan, inibídor da enzima conversara de angiotensina II, parece ser eficaz e facilmente tolerado, mas necessita mais estudos clínicos. O tratamento hospitalar deve ser considerado no tratamento da cefaleia crônica diária refratária.
O Ambulatório de Cefaleia atende usuários do SUS encaminhados de 62 municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde IX do Estado de São Paulo.