Artigo científico publicado no Arquivos de Neuropsiquiatria 2003; 61(4): 1045-1070 para se ter uma análise completa dos principais fármacos utilizados no tratamento da epilepsia.
Uma revisão feita por autores brasileiros, e que ainda é muito utilizada nos ambulatórios de neurologia.
O conhecimento das drogas anticonvulsivantes ou drogas antiepilépticas (DAE) e seus mecanismos de ação é de fundamental importância para se evitar associações indevidas, e sem eficácia terapêutica.
O Consenso do Especialistas Brasileiros – Tratamento da Epilepsia procura uniformizar condutas com a experiência colhida ao longo de décadas, e ainda opinião de especialistas no tema epilepsia.
É uma revisão que à época se fazia necessário, mas que com as drogas novas surgindo na década passada, outras revisões devem vir evidenciando a experiência científica com os últimos anticonvulsivantes lançados no mercado.
A maioria dos pacientes com crises epilépticas recorrentes necessita tratamento medicamentoso.
As exceções ficam por conta das crises provocadas e episódios separados por anos.
A questão de tratar ou não crise única é controversa e complexa.
Pacientes que têm uma crise não provocada correm risco de recorrência que varia de 31 a 71%, dependendo dos fatores de risco.
Pacientes com síndromes específicas, como epilepsia mioclônica juvenil e lesões cerebrais evidenciáveis por exames de imagem, provavelmente devem ser tratados.
A discussão com o paciente ou o responsável sobre o início do tratamento deve ser feita mostrando os riscos e benefícios do tratamento medicamentoso.
A seleção da DAE depende de múltiplos aspectos.
Os critérios de seleção baseiam-se em eficácia, perfil de efeitos adversos, propriedades farmacocinéticas, formulações disponíveis (diferentes apresentações comerciais) e custo.
A questão da eficiência é obviamente determinante na escolha dos anticonvulsivantes.
Os efeitos adversos são geralmente divididos naqueles de tolerabilidade e segurança.
O último aspecto é de fundamental importância, quando envolve risco médico sério, e as vezes risco de vida.
Ainda que segurança seja a grande preocupação, a tolerabilidade é o problema mais comum.
Virtualmente todos os anticonvulsivantes podem produzir efeitos colaterais indesejados e até incapacitantes. Geralmente são corrigíveis por redução da dose.
Aspectos farmacocinéticos definem o número de tomadas e interações com outras drogas.
Formulações disponíveis, tais como apresentações comerciais sob a forma líquida, cápsula, comprimidos sulcados ou de liberação lenta podem definir a escolha da medicação.
Finalmente, a questão do custo e disponibilidade da medicação ao paciente são elementos que devem orientar a prescrição médica.
A diferença no custo de DAE convencionais para as novas DAE torna o uso destas, muitas vezes, proibitivo, a menos que estas sejam fornecidas por órgãos especiais, tais como farmácias para medicações de alta complexidade do serviço público.
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