Ensino pedagógico ou Sofisma pedagógico nas faculdades que adotaram o PBL made in Brazil? Eis a questão!

ensino em medicinaDiretores de Graduação ao arrepio do bom senso, e sem nenhuma concepção de que toda mudança deve ser feita por toda a comunidade de docentes na implantação do modelo, implantaram o  PBL (Problema Based Learning) ou ABP (Aprendizagem Baseada em Problemas) no modelo de gestão verticalizado, ou seja,  de cima para baixo.

O modelo em total falta de compromisso com o ensino, substituiu o ensino em salas de aulas, extinguiu os laboratórios de fisiologia, farmacologia, imunologia, parasitologia, microbiologia, patologia, histologia, e ainda por fim, extingue os Departamentos de  Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Obstetrícia, e Pediatria.

Os laboratórios de anatomia nessas faculdades existem, mas com apenas um docente!

Como aluno passei em todos esses Departamentos de Medicina, e noto a ausência nos dias atuais das memoráveis discussões clínicas, reuniões clínicas, apresentação de seminários, visitas às enfermarias, etc.

Outrossim, os Departamentos de Medicina foram extintos nessas faculdades, pois eram constituídos de docentes contrários ao “PBL made in Brasil”,  puro e utópico, como se apresenta no presente  momento nas faculdades de medicina do Brasil ou seja, o professor não ensina, e o aluno deve fazer a busca de seus conhecimentos.

Esse é o lema do “PBL made in Brazil”.

Nada contra o PBL.

Muito interessante em tornar  o aluno ativo no processo ensino-aprendizagem, como em pesquisas, leituras críticas de artigos científicos, análise crítica dos indicadores de saúde do nosso país, etc.

Mas, a ausência de aulas de anatomia, fisiologia, parasitologia, bioquímica, histologia, farmacologia, patologia, imunologia torna o curso sem ensino necessário de temas importantes e necessários na grade curricular.

Mas, o PBL isoladamente, como é aplicado em faculdades de medicina, pública e ou privada, é muito distante daquilo que se possa esperar de eficaz no ensino de um curso de medicina, pois a falta de conteúdos temáticos não oferecidos pela instituição em muitas delas pode  tornar o aluno sem conteúdos mínimos necessários  à formação médica.

Uma reflexão precisa ser feita…

Existem bombeiros, mecânicos de automóveis, pilotos de avião, atletas em nível de competição sem treinamentos específicos e domínio das técnicas a serem utilizadas nos cenários da vida profissional ?

Existem?

Resposta simples – não!reclamação 3

Pois bem..

Como formar médicos sem aulas práticas em laboratórios, sem conteúdos temáticos mínimos para a boa prática médica, sem professores da instituição  (e não “professores colaboradores” da rede de atenção básica como ocorre no presente momento)  supervisionando os alunos em estágios  dessas faculdades.

A vida é um bem indisponível, e não  se  pode  formar médicos sem conhecimento mínimo para o exercício profissional.

A competência só ocorre em cada ato do profissional médico, quando se exige do mesmo a aquisição de sólidos conhecimentos de medicina, de habilidade psicomotora, e de relação interpessoal.

Relação interpessoal adequada é ser ético, e não ser omisso, negligente e imprudente na vida profissional do médico.

reclamação 2Nada contra o ensino do PBL em alguns cenários de ensino-aprendizagem, mas o PBL aplicado e implementado  em muitas faculdades de medicina não se  pode aceitar.

É anacrônico.

A ferramenta  de ensino transformou- se em filosofia de ensino, e não em ferramenta pedagógica.

reclamação 1

Assim, é que toda discussão em estágio com  alunos, as apostilas do Med Curso são sacadas de suas mochilas, e apresentadas como ponto de partida da discussão.

Essa é a realidade…

Nua e crua.

É certo que os docentes mais antigos  estão sendo substituídos por “facilitadores de ensino”, e , ainda, acabam perdendo espaços na instituição pelos “professores colaboradores”, sem Residência Médica, e que trabalham em USF, sem especialização médica, e se tornaram da noite para o dia os docentes que ministram “PBL made in Brazil”.

É surreal…

Anacrônico…

Sofismático!

Para os admiradores do modelo vigente, logo se pode esperar uma promoção – uma coordenação de curso-, visto que os coordenadores não são escolhidos pelos seus pares, e  possivelmente uma indicação política na cadeira da Diretoria de Graduação, Coordenação de Enfermagem, Coordenação de Medicina pelo padrão communis opinio, 

reclamação 6Que alunos  lutem pelas melhorias nas instituições de ensino, pois caso contrário maiores decepções no ensino poderão surgir em futuro próximo.

Que se possa oferecer auxílio estudantil para alunos que estão em dificuldades financeiras em valores oferecidos por outras universidades estaduais.

Nosso apoio aos docentes  que ousam discordar do “PBL made in Brazil”,

Não queremos passar por professores omissos (politicamente corretos com o  “Super Pedagogo ou Pedagogo Mor”, embora nunca  fossem orientados para a docência em  oficinas pedagógicas regulares ao longo dos semestres concomitantes ao ensino da graduação).

Antes, a cidadania, a ética, e o prazer de ensinar.

E não fingir ser simpatizante do atual modelo pedagógico com interesses inconfessáveis.

Não ao estelionato pedagógico!

Não ao sofisma pedagógico!

Lembro-me de algumas cenas do naufrágio do Titanic, retratadas com muita emoção no filme de James Cameron, estrelado por Leonardo Di Caprio e Kate Winslet: o navio-gigante, afundando aos poucos, depois de ter batido em um iceberg, salvando-se alguns poucos que, em botes, ousaram enfrentar o mar gélido e congelante.

Em defesa de ensino com qualidade !

titanic  “Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência”.

Rui Barbosa

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